Um dos grandes desafios das organizações nos dias de hoje é a manutenção de seu quadro de funcionários, e, mais desafiador ainda, é torná-lo motivado e produtivo na maior parte do tempo para gerar competitividade à organização. Cabe ao líder grande parte dessa tarefa.
A base das relações humanas satisfatórias é formada por compromissos como respeito, apoio e credibilidade, da mesma forma que a base da formação da personalidade é definida nas relações familiares. Na nossa cultura, principalmente na educação tradicional, o medo é utilizado como o principal modelador de comportamento. Todavia, não é só pelo medo que acontece o aprendizado. Muitos de nós “aprendemos” a ter rancor por outra pessoa em função de ter sentido raiva em alguma situação vivenciada juntos. A alegria também modela as pessoas. A maioria de nós já viveu a experiência de aprender de gostar de um esporte pelas alegrias compartilhadas com familiares ou amigos ao assistir uma partida de futebol ou de outro jogo em equipe. O prazer de algumas experiências faz com elejamos algumas preferências que levaremos para toda vida.
Um estudioso do comportamento, René Spitz, em seus estudos sobre Doenças de Carência Afetiva do Bebê, demonstrou com suas pesquisas em creches, que as crianças que no primeiro ano de vida tinham privação afetiva parcial ou total (especificamente por parte das mães), apresentavam sérios danos no seu desenvolvimento. Esses danos iam desde perda de peso, atraso motor, choro convulsivo e inércia até, para muitas delas, morte. Com estas reflexões, podemos entender a importância do afeto. Os estudos com crianças provaram que a necessidade de afeto e tão vital quanto o alimento, porém não é só a criança que necessita dele. O individuo será perseguido por essa necessidade pelo resto de sua vida.
Estudos como esse, confirmados por outros pesquisadores, como Ronald David Laing e Eric Berne, revelam que as pessoas aceitam afagos verbais como palavras e provas de reconhecimento, quando na impossibilidade de obtê-los na forma física direta como um abraço, aperto de mão ou “tapinha nas costas”. Nos levam ainda a conclusões seguras sobre a necessidade afetiva no início da formação da personalidade humana. E que a afeição é fundamental para o desenvolvimento emocional do indivíduo.
Isso revela a importância das relações humanas na modelação do nosso comportamento e o cuidado que as organizações e gestores devem ter com a formação dessas relações dentro do ambiente de trabalho. Se existe afinidade entre as pessoas, se as relações interpessoais têm base no companheirismo e se as pessoas gostam umas das outras, elas terão prazer em trabalharem juntas. Em empresas cujo ambiente é de indiferença, as pessoas tendem a se isolar, e não formaram valores comuns, nem trabalharam e equipe.
No estudo do comportamento humano podemos ainda perceber que a necessidade do individuo é de receber a expressão de sentimentos dos outros. Algumas pessoas, inclusive, podem preferir sentimentos ou atitudes negativas do que a indiferença, tal como crianças que, ao não terem a atenção dos pais, agem de maneira agressiva ou apresentam dificuldades escolares, seja no comportamento com colegas ou mesmo com notas baixas.
A falta de afetividade e reconhecimento do gestor em relação ao desempenho dos empregados gera grande desmotivação, pois trata-se, como vimos, de uma necessidade real aprendida. Quando não há reconhecimento positivo algum, surge uma sensação de incapacidade, que pode levar o empregado a buscar o reconhecimento através de erros, acidentes, insegurança, conflitos com pessoas, etc., como um padrão negativo de chamada de atenção, pois é baseado em críticas e punições enquanto reconhecimento.
Silvia Prado Amaral e Jeffersonn Moraes